Baixe o App

#BoasNotícias Aluna surda se forma na faculdade e abre o próprio negócio: inclusão

No dia do surdo, 26 de setembro, o exemplo de superação de Jéssica Campos, uma aluna com deficiência auditiva que criou símbolos próprios em Libras, com ajuda de intérprete, para facilitar o aprendizado e hoje é empresária.

Contrariando as estatísticas, ela se formou em Estética e Cosmetologia na Faculdade Pitágoras, em São Luís, no Maranhão.

No Brasil, dos 10,7 milhões de deficientes auditivos, apenas 7% têm ensino superior completo, 15% frequentaram até o ensino médio, 46% até o fundamental e 32% não possuem grau de instrução.

Aos 29 anos, Jéssica Campos realizou o sonho da graduação no Ensino Superior e foi além.

Ela realizou o sonho de ser empresária e inaugurou o Librastetic, um espaço que funciona como esmalteria e estúdio de beleza.

“Meu sonho de empreender já está em andamento, recentemente abri o meu próprio negócio, que tem como foco o atendimento de surdos, ouvintes e outras pessoas com deficiência, principalmente em serviços de sobrancelha, manicure, pedicure, hena, depilação, limpeza de pele, entre outros”, disse ao SóNotíciaBoa.

E ela lembra: “Ao refletir sobre o ensino de estética para todos, estamos tratando as pessoas com deficiência como consumidores, pacientes, alunos e, principalmente, como cidadãos”.

A inspiração

Inicialmente, Jéssica pensou em fazer Pedagogia, mas inspirada no exemplo da mãe, decidiu estudar Estética e Cosmetologia.

“Por sempre acompanhar a rotina da minha mãe, eu comecei a ajudá-la no salão de beleza e me apaixonei. Foi então que tranquei o curso de Pedagogia e resolvi me jogar nos estudos que tratam de beleza estética e saúde”, contou.

Deficiência auditiva

Surda de nascença, Jéssica começou a aprender a segunda língua oficial do Brasil, a Lingua Brasileira de Sinais (Libras), aos 9 anos.

No início do curso, ela se deparou com o primeiro obstáculo: termos específicos utilizados com frequência na área, como a palavra argila, por exemplo, ainda não estavam contemplados em Libras.

Foi aí que ela decidiu usar a determinação e criatividade para inovar: criou sinais próprios pra conseguir entender o conteúdo e acompanhar as disciplinas.

Linguagem própria em LIBRAS

“Juntamente com Rian Arouche, tradutor e intérprete de LIBRAS que me acompanhou ao longo dessa trajetória, consegui elaborar um glossário específico com sinais da Estética e Cosmética. Com certeza, foi o melhor caminho para que eu pudesse me apropriar dos conceitos e termos técnicos utilizados”, explica.

A participação de Rian, profissional contratado da Faculdade Pitágoras, foi fundamental para a integração da ex-aluna.

A unidade também conta com outro intérprete, que assessora alunos portadores de deficiência auditiva de acordo com a demanda dos cursos.

“A Jéssica, sem dúvida, é uma inspiração para todos nós, seja pela criatividade ou pela proatividade em lidar com os desafios. Ela realizou um feito que ajudará muitas pessoas a entenderem que há lugar para todos no mercado de trabalho, na faculdade e onde quiserem”, disse a coordenadora do curso de Estética da Faculdade Pitágoras, Patrícia Crosara.

Droga contra câncer dá resultado contra esclerose múltipla

Cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriram que um remédio usado contra o câncer pode dar resultados também contra a esclerose múltipla, doença que afeta entre outros, a atriz Cláudia Rodrigues.

A humorista foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2000 e se afastou da televisão em 2013. Desde então ela teve redução de 30% da massa encefálica em decorrência da progressão do problema de saúde e vem fazendo tratamentos alternativos para conter o avanço e sequelas.

O cientistas europeus descobriram que a droga bexaroteno regenera a bainha de mielina – o alvo do distúrbio autoimune da esclerose múltipla – ou seja, ela repara danos nos nervos e isso dá esperança para um futuro tratamento contra a doença.

A descoberta foi feita num recente ensaio clínico de fase 2, pesquisa financiada por uma bolsa de £ 250.000 para a MS Society UK.

O professor Alasdair Coles, da Universidade de Cambridge, disse que “As lições que aprendemos são incrivelmente emocionantes, pois agora temos mais evidências concretas de que a remielinização – regeneração – em humanos é possível.

“Esta descoberta nos dá a confiança de que vamos frear a esclereose múltipla e rapidamente seremos levados adiante em estudos adicionais para testar outros novos tratamentos potenciais de reparo da mielina”, afirmou.

Entenda

Uma camada lipídica protetora em torno dos nervos no cérebro e na medula espinhal, a bainha de mielina é direcionada incorretamente pelas células do sistema imunológico em pacientes com esclerose múltiplia, o que leva aos sintomas da doença de neurodegeneração e deficiência.

O estudo mostrou que o bexaroteno foi capaz de recuperar esses nervos danificados.

A razão pela qual novos tratamentos de reparo da mielina seriam necessários é porque a droga, normalmente destinada a pacientes com câncer, cria alguns efeitos colaterais graves, como lipídios elevados no sangue e doenças da tireoide e, portanto, não pode ser usada como um tratamento.

O co-pesquisador Professor Siddharthan Chandran, da Universidade de Edimburgo, sentiu que este é um passo à frente, porque o reparo da mielina agora está confirmado como possível, e também porque as propriedades do bexaroteno poderiam ser examinadas para encontrar futuros candidatos a drogas que não tenham lado sério efeitos.

“Agora entendemos muito mais sobre o reparo da mielina e estamos em uma posição significativamente melhor para medir a remielinização em testes clínicos”, disse Chandran.

“Enquanto este trabalho estava ocorrendo, pesquisas de laboratório adicionais identificaram tratamentos novos e mais toleráveis ​​que poderiam reparar a mielina, e esperamos que eles sejam testados em testes eminentemente.”

Outra frente

A Sociedade de Esclerose Múltipla não está contando apenas com os testes com bexaroteno, mas também está lançando um teste clínico de Fase 2 baseado em pesquisas de 2019 que demonstram que uma combinação do medicamento para diabetes metformina e um anti-histamínico chamado Clemastina também levou à regeneração de uma bainha de mielina danificada pela esclerose múltipla.

“A metformina é um dos desenvolvimentos mais interessantes no reparo da mielina que já vimos. Nossas descobertas no ano passado lançaram luz sobre por que as células perdem sua capacidade de regenerar a mielina e como esse processo pode ser revertido”, disse o professor Robin Franklin, também de Cambridge, que liderou o estudo de 2019.

“Estamos muito orgulhosos de ter feito este trabalho e emocionados em ver nossa descoberta levada adiante tão rapidamente.”