Um material capaz de filtrar o ar e reter até mesmo partículas tão pequenas quanto o novo coronavírus, que tem cerca de 100 nanômetros, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com fibras produzidas a partir da reciclagem de garrafas PET.
Daniela Patrícia Freire Bonfim conduziu o trabalho durante o seu doutorado em Engenharia Química, com orientação da professora Mônica Lipes Aguiar.
Os resultados foram publicados nos periódicos Polymers e Membranes.
Além de ajudar a prevenir a COVID-19 e outras doenças respiratórias e infecciosas, causadas também por bactérias e fungos, os meios filtrantes são essenciais no enfrentamento de outro problema importante da atualidade, a poluição do ar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano em todo o mundo e, no Brasil, a estimativa é de 50 mil mortes por ano.

Um dos principais desafios enfrentados na pesquisa diz respeito à combinação de diferentes parâmetros no processo de eletrofiação – no qual um campo elétrico é aplicado a uma gota de solução do polímero (o PET dissolvido em um solvente) na ponta da agulha de uma seringa, resultando na evaporação do solvente e produção da fibra, depositada sobre um coletor fixo ou giratório.
A partir dos testes, os pesquisadores chegaram a uma trama de nanofibras que dispensa um substrato, ou seja, não precisa ser aplicada sobre outro material mais resistente ou estruturado, sendo ela mesma o filtro e o suporte. O produto alcança até 100% de eficiência na coleta de partículas entre 7 e 300 nanômetros, com queda de pressão muito baixa.
“As partículas vão grudando nas fibras e, desse modo, o espaço para o ar passar diminui, e é essa obstrução que chamamos de queda de pressão. Se ela é alta, significa que a obstrução acontece rapidamente e você precisa gastar mais energia para o ar passar”, explica Bonfim.