Em Mato Grosso do Sul, homens negros continuam a ser os principais alvos da violência armada, com uma taxa de homicídios por arma de fogo três vezes maior do que a de homens brancos. Entre 2012 e 2022, 79% das vítimas de homicídios no estado eram negras, um dado alarmante que reflete uma realidade de desigualdade e discriminação racial no cenário da violência.
O levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz, divulgado no Dia da Consciência Negra, revela que a taxa de homicídios masculinos por arma de fogo no estado é de 20 mortes por 100 mil homens, e população negra representa 23,7 dessas mortes, enquanto os homens brancos representam 15,3. Em Campo Grande, a disparidade é ainda mais evidente, a taxa de homicídios entre negros chega a 31,4 por 100 mil, contra 14,6 entre os brancos.
Esses números trazem à tona uma série de questões relacionadas à violência estrutural e à falta de políticas públicas eficazes para proteger a população negra. Segundo a pesquisa, a maior parte dos homicídios ocorre em áreas públicas, como ruas e avenidas, e a faixa etária mais afetada é a de homens jovens, entre 20 e 29 anos.
A pesquisa também destaca que, embora não exista uma confirmação conclusiva sobre o vínculo direto entre o aumento da circulação de armas e o crescimento da violência, estudos indicam que a maior disponibilidade de armamentos tem impacto direto nas taxas de homicídios. Para cada 1% de aumento nas armas em circulação, observa-se um crescimento de 2% nos homicídios. Além disso, o estudo aponta que a violência contra negros no Brasil não é um fenômeno isolado de Mato Grosso do Sul. A violência armada atinge mais intensamente a população negra em todo o país, refletindo um ciclo de desigualdade social e racismo estrutural.
Em Mato Grosso do Sul, os dados também mostram que a situação exige uma ação urgente por parte das autoridades. É necessário que o poder público implemente políticas de segurança mais inclusivas, que levem em consideração as especificidades raciais e sociais da violência. Além disso, é crucial a promoção de ações preventivas para diminuir a circulação de armas e a violência nas ruas.
Esses números, infelizmente, não são apenas estatísticas. Eles representam vidas perdidas e famílias devastadas pela violência. A falta de ação efetiva para combater o racismo e a violência armada em Mato Grosso do Sul é uma realidade que exige mudança. A luta por mais justiça e proteção para os homens negros no estado e no país deve ser uma prioridade para todas as esferas da sociedade.