A agricultura familiar deve ter papel fundamental nas discussões da COP30, em Belém. O modelo, que representa 84% dos estabelecimentos rurais do país, tem mostrado que é possível produzir alimentos de forma mais sustentável e com menor impacto ambiental que a agropecuária intensiva.
Diferente de outros países, o principal desafio climático do Brasil não está nos combustíveis fósseis, mas na agropecuária, responsável por três quartos das emissões de gases de efeito estufa, segundo o professor Arilson Favareto, da USP e UFABC. “Não existe agenda climática no Brasil sem uma transição para o sistema agroalimentar”, destacou.
Enquanto o agronegócio exportador domina grandes áreas, a agricultura familiar — que ocupa apenas 23% do território agropecuário — responde por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
O que é agricultura familiar
A agricultura familiar é a produção feita por famílias que vivem e trabalham na mesma propriedade, usando a própria mão de obra para cultivar alimentos e garantir renda.
Segundo Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), “a agricultura familiar garante segurança alimentar, gera empregos e mantém as famílias no campo, evitando o êxodo rural”.
Por operar em pequena escala, ela também preserva tradições culturais, mantém áreas florestadas e evita a concentração de terras, contribuindo para a redução das desigualdades sociais.
Sustentabilidade e futuro
A diversidade de cultivos é um dos pontos fortes desse modelo. Diferente da monocultura — que causa degradação do solo e perda da biodiversidade —, a agricultura familiar promove solos mais férteis e ecossistemas equilibrados.
Favareto também aponta o potencial na recuperação de áreas degradadas, com práticas como o reflorestamento com espécies nativas, que ajudam na recomposição ambiental e no combate às mudanças climáticas.
Tripla vantagem
Mais do que uma alternativa sustentável, a agricultura familiar representa uma “tripla vantagem”: contribui para o meio ambiente, melhora a segurança alimentar e gera renda.
“O potencial desses produtores está em unir respostas para as mudanças climáticas, aumentar a oferta de alimentos e melhorar a renda das famílias rurais”, resume Favareto.
Com informações de cnnbrasil









