Entrevista: Brasil tem 4ª maior taxa de juro real do mundo após alta da Selic

Entrevista: Brasil tem 4ª maior taxa de juro real do mundo após alta da Selic
Foto: Blink 102 FM

No Café com Blink de hoje (20), tivemos a presença do economista Eduardo Matos, que participou do programa para discutir os recentes ajustes na taxa de juros e os impactos da alta da Selic na economia brasileira. O especialista abordou as razões por trás da decisão do Banco Central e as possíveis consequências para os consumidores e investidores.

Confira a entrevista:

Banco Central aumenta Selic para 14,25% e aponta nova alta para maio

Nesta quarta-feira, 19 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou um aumento de 1 ponto percentual na Selic, levando a taxa básica de juros para 14,25% ao ano. Esse movimento representa o maior patamar desde outubro de 2016, alinhando-se ao cenário de crise política que marcou o impeachment de Dilma Rousseff. O aumento, já amplamente esperado pelo mercado, reflete o esforço do governo para controlar a inflação e estabilizar a economia.

Justificativa para o Aumento da Selic

A decisão do Copom vem após um ciclo contínuo de ajustes iniciado em setembro de 2024. A previsão é que, em maio, a taxa de juros suba novamente, embora em um ritmo mais moderado. Se confirmado, o aumento fará a Selic atingir seu nível mais alto desde 2006, durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O Copom justificou a elevação com a necessidade de controlar a inflação, que continua acima da meta estabelecida pelo governo. Apesar de alguns sinais de desaceleração na economia, o cenário ainda exige uma política monetária mais contracionista. O aumento de 1 ponto percentual foi amplamente antecipado por analistas e instituições financeiras, que indicaram essa possibilidade em suas previsões.

Projeções de Inflação e Impacto da Alta da Selic

As expectativas para a inflação continuam preocupantes. Em fevereiro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) aumentou para 5,06%, afastando-se ainda mais da meta de 3%. As projeções para 2025 e 2026 também indicam que o controle da inflação será desafiador.

A decisão do Copom também reflete o impacto das incertezas externas, especialmente a política econômica dos Estados Unidos e o comportamento do dólar. O Brasil, com juros reais de 8,79%, continua com uma das maiores taxas do mundo, ficando atrás apenas de países como Turquia, Argentina e Rússia. Esses juros elevados tornam os investimentos em renda fixa, como os títulos do BNDES, mais atraentes para investidores.

Posição do Governo e Expectativas Futuras

Em meio a esse cenário de aumento de juros, o governo federal, por meio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já indicou que a alta estava prevista, mas aguardará a ata da reunião do Copom para comentar a situação em detalhes. Apesar das críticas anteriores de Lula sobre os juros altos, o governo reconhece a importância de manter a credibilidade e estabilizar a economia.

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