Promoção virou gatilho? consumo por impulso cresce no final do ano

Promoção virou gatilho? consumo por impulso cresce na reta final do ano
Psicólogo cognitivo-comportamental e neurocientista / Foto: Roberta Dorneles Jefferson Morel

Consumo por impulso aumenta no fim do ano e especialista alerta para riscos financeiros e emocionais

Com a Black Friday se estendendo por vários dias, vitrines virtuais anunciando “frete grátis” e a chegada do 13º salário, o fim de ano cria o cenário perfeito para o famoso “eu mereço”. Entre promoções, metas pessoais e a pressão social de presentear, muitos brasileiros acabam cedendo ao consumo impulsivo.

Segundo o psicólogo cognitivo-comportamental e neurocientista Jefferson Morel, esse comportamento é comum nesta época, mas pode evoluir para um problema sério quando foge do controle. “O que começa como uma recompensa vira uma armadilha. A impulsividade domina o planejamento, e aí a gente já tem um problema”, explica.

Cérebro cansado e propaganda intensa: combinação perigosa

Morel detalha que, ao final do ano, o cérebro está esgotado após meses de pressões e rotinas intensas. Esse desgaste favorece a ativação do sistema de recompensa, responsável pela liberação de dopamina, o que torna as compras ainda mais atraentes.

“É muita propaganda, é o ‘só hoje’, ‘não pode perder’. Esse conjunto pressiona um cérebro já fadigado. O 13º chega como um estímulo final”, afirma o especialista.

Dados apresentados na entrevista apontam que 7 em cada 10 brasileiros compram por impulso e depois se arrependem.

Quando o alerta deve acender

O psicólogo destaca que a compulsão por compras tem sinais claros:

  • sensação de prazer imediato seguida por culpa, raiva ou frustração;
  • repetição dos mesmos erros financeiros;
  • incapacidade de seguir um planejamento;
  • impacto emocional e familiar.

Em muitos casos, diz Morel, a pessoa não percebe o problema, e quem identifica são os familiares, especialmente quando compromissos financeiros são afetados repetidamente.

O que fazer para evitar compras por impulso

Morel recomenda estratégias simples, mas eficazes:

  • Pergunte-se: é desejo ou necessidade?
  • Adie a compra por 24 horas: a técnica reduz em até 70% as compras impulsivas.
  • Evite gatilhos: desinstalar aplicativos ou silenciar notificações pode ajudar.
  • Planeje o 13º salário: definir previamente o destino do dinheiro evita excessos.

“O prazer da compra dura segundos. A consequência pode durar meses”, destaca.

Quando buscar ajuda profissional

A recomendação é procurar avaliação psicológica quando as compras passam a comprometer o orçamento, gerar conflitos familiares ou ocorrerem de forma repetitiva e descontrolada. “Não é falta de caráter, é uma questão neurobiológica. Muitas vezes há baixa conectividade na região do córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisão”, explica o especialista.

Com a chegada do Natal e das festividades, Morel reforça: “Pesquise, planeje e evite excessos. O ‘eu mereço’ existe, mas dentro do limite do seu bolso”.

Confira a entrevista completa:

Assista a Blink ao vivo.

Compartilhe o texto: