Estudo recente aponta altos níveis de contaminação por mercúrio em rios da Amazônia, colocando em risco comunidades indígenas e ribeirinhas. A pesquisa examinou 16 sub-bacias da região, incluindo os rios Tapajós, Xingu, Mucajaí e Uraricoera, onde foram detectadas elevadas concentrações de mercúrio, com níveis bem acima dos recomendados para a segurança ambiental. A poluição nesses rios compromete o principal meio de subsistência das populações locais, que dependem da pesca para sua alimentação.
O mercúrio utilizado no garimpo ilegal representa a maior fonte de contaminação, afetando diretamente os ecossistemas aquáticos e a vida das comunidades. Na análise, as áreas mais críticas foram identificadas nas sub-bacias do Baixo Teles Pires, Rio Apiacás e no Alto e Médio Teles Pires, com concentrações que ultrapassam os limites de segurança para a fauna e flora locais. A contaminação é especialmente preocupante em locais onde o mercúrio é facilmente absorvido pela cadeia alimentar, começando por peixes e moluscos e se acumulando progressivamente em organismos maiores, como aves e mamíferos que habitam a região.
Outro aspecto importante destacado é o impacto das áreas alagáveis e dos reservatórios de hidrelétricas, que contribuem para o aumento da bioacumulação de mercúrio nos ecossistemas. Em ambientes aquáticos, o mercúrio pode ser transformado em metilmercúrio, uma forma altamente tóxica que se acumula nos tecidos dos organismos e representa riscos sérios para a saúde humana. Essa forma do metal é particularmente prejudicial por seus efeitos neurotóxicos, principalmente para crianças e gestantes das comunidades indígenas e ribeirinhas.
Além disso, o estudo recomenda medidas urgentes para mitigar a contaminação, incluindo a implementação de políticas de monitoramento ambiental mais rigorosas e a criação de zonas de proteção para impedir a expansão do garimpo ilegal.