Brasil tenta evitar impacto da tarifa de 50% na carne bovina exportada aos EUA
A partir desta quarta-feira (6), entra em vigor a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a carne bovina importada do Brasil, somando-se aos 10% já existentes. A medida ainda não prevê exceções para o produto brasileiro, o que tem gerado preocupação entre os produtores e representantes do setor agropecuário.
Em entrevista ao Café com Blink, o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, explicou a importância estratégica da carne brasileira para o mercado norte-americano. “A nossa carne é essencial na composição do blend do hambúrguer, produto mais consumido por lá. Além disso, os Estados Unidos enfrentam o menor rebanho da história, o que pressiona os preços internos”, explicou.
Apesar da tarifa alta, Bumlai acredita que a carne bovina poderá ser incluída futuramente na lista de exceções. Ele comparou o caso ao do suco de laranja, que inicialmente foi tarifado, mas depois retirado do pacote em razão da dependência americana do produto.
O presidente da Acrissul também criticou as justificativas ambientais e sanitárias apontadas por produtores americanos contra a carne brasileira. “Nós seguimos rigorosos padrões internacionais. Exportamos para mais de 150 países. O discurso de que não cumprimos as legislações ambientais é balela”, afirmou.
Segundo Bumlai, há uma “guerra comercial” em curso, na qual os EUA impõem tarifas elevadas para, em seguida, recuar parcialmente e sair como vencedores nas negociações. Ele defende que o Brasil adote uma postura equilibrada, baseada no diálogo e diplomacia. “Aqueles que tentaram bater de frente com os EUA não se deram bem. O caminho é mostrar que nosso comércio é justo e relevante”, afirmou.
Sobre o impacto direto da tarifa no Brasil, o líder rural destacou que, apesar do volume exportado representar menos de 8% das exportações totais de carne bovina do país, o anúncio provocou uma queda artificial no valor da arroba do boi, de R$ 325 para R$ 295, beneficiando apenas os frigoríficos exportadores. “Quem pagou a conta até agora foi o produtor. O preço não caiu para o consumidor e toda a margem ficou com os frigoríficos”, pontuou.
Para ele, o Brasil tem capacidade de redirecionar a carne para outros mercados. “Estamos aumentando exportações para o Chile, Argentina, México e temos a China como potencial comprador”, disse.
Bumlai encerrou a entrevista com otimismo: “Cabe a nós, produtores, continuar entregando uma carne de altíssima qualidade, tanto para o mercado externo quanto para os brasileiros. Acreditamos que, com o tempo, tudo voltará ao seu devido lugar”.