Violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul e no Brasil: um alerta urgente
A violência contra a mulher tem se tornado um problema crescente, não apenas em Mato Grosso do Sul, mas também em todo o Brasil. Dados recentes mostram que, entre janeiro e julho de 2024, o estado registrou um aumento alarmante de 27,25% nas denúncias de violência contra a mulher. O Disque 180, serviço que recebe essas queixas, contabilizou 1.214 casos em Mato Grosso do Sul. O que reflete uma tendência observada em nível nacional, onde foram registradas 84,3 mil denúncias no mesmo período.
É importante destacar que, dentro desse cenário, os principais agressores são os companheiros e ex-companheiros das vítimas. No estado, 715 das denúncias foram feitas pelas próprias vítimas, enquanto 499 ocorreram por intermédio de terceiros. Outro dado significativo é que a maioria das vítimas são mulheres negras. O que representa 666 casos, e que a faixa etária mais afetada vai de 25 a 29 anos, com 208 denúncias registradas.
A violência contra a mulher não ocorre apenas no Mato Grosso do Sul, mas também no Brasil como um todo. No estado, os casos de feminicídio são um reflexo de uma sociedade onde mulheres, especialmente negras, são mais vulneráveis à violência. De acordo com o Monitor da Violência Contra a Mulher, entre 2015 e 2025, 346 mulheres perderam suas vidas em decorrência de feminicídios no estado, sendo que 60% das vítimas tinham entre 30 e 59 anos. Esses dados são alarmantes e evidenciam a gravidade do problema.
“Feminicídio Zero”
O aumento das denúncias também é observado devido à reestruturação do Disque 180, que, desde abril de 2023, oferece atendimento via WhatsApp, facilitando o acesso das mulheres ao serviço. Além disso, a campanha “Feminicídio Zero”, lançada pelo Ministério das Mulheres, visa educar a população e incentivar a denúncia de qualquer forma de violência contra a mulher. A campanha também reforça que, enquanto o Disque 180 deve ser utilizado para orientação e prevenção, em situações de emergência, as vítimas devem ligar para o número 190.
Sinais de um homem tóxico e o impacto na violência contra a mulher
No Café com Blink, com a Veruska Donato de hoje (17), recebemos a psicanalista Tatiana Siqueira, que participou do programa para discutir o aumento da violência contra as mulheres em Campo Grande. A especialista abordou o impacto psicológico da violência doméstica e as formas de apoio às vítimas, destacando a importância da conscientização e das medidas de proteção.
Confira a entrevista completa:
A psicóloga, psicanalista, membro do FCLMS e da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano, Tatiana Siqueira, alerta para os sinais de um comportamento tóxico em um relacionamento, que pode ser um dos primeiros indícios de uma situação de violência doméstica. Os sinais de um homem tóxico podem ser sutis no começo, mas com o tempo, se tornam mais evidentes. Ele pode começar a manipular emocionalmente a parceira, criando um ambiente onde ela se sente culpada por questões que não são de sua responsabilidade. Além disso, ele pode demonstrar um comportamento possessivo, não respeitar os limites e até diminuir a autoestima da outra pessoa.
Ela destaca que a violência não se limita às agressões físicas, muitas vezes envolvendo controle, manipulação emocional e abuso psicológico. Esse tipo de comportamento pode se manifestar de várias formas: isolamento da parceira, críticas constantes, ameaças veladas, e até a tentativa de desqualificar seus sentimentos. O que acontece é que, muitas vezes, a vítima não percebe de imediato que está sendo controlada e manipulada, até que isso afete profundamente sua autoestima e saúde mental, afirma a psicóloga.
A importância da denúncia e da conscientização
Com a crescente onda de violência contra as mulheres, é essencial que as vítimas reconheçam os sinais de um relacionamento abusivo e busquem ajuda o quanto antes. A Lei Maria da Penha classifica cinco formas de violência: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Esses tipos de agressão podem ocorrer de várias formas, desde lesões corporais até danos emocionais profundos.
Portanto, a luta contra a violência de gênero precisa ser constante. Além das denúncias, é fundamental promover a educação sobre igualdade de gênero e conscientizar sobre os direitos das mulheres. Não podemos aceitar a violência como parte do cotidiano e devemos, juntos, trabalhar para que as mulheres possam viver sem medo e com dignidade.