Reajuste de quase 7% passa a valer em janeiro e impacta salários e benefícios; novo cálculo combina inflação e crescimento do PIB
O salário mínimo nacional vai subir para R$ 1.621 a partir de 1º de janeiro de 2026, um reajuste de R$ 103 em relação aos atuais R$ 1.518. O valor, que havia sido antecipado ficou abaixo do previsto no Orçamento (R$ 1.631) e também menor que a última estimativa do governo (R$ 1.627). O motivo é simples: a inflação veio menor do que o esperado.
O novo salário mínimo ainda precisa ser oficializado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de decreto, mas já está confirmado pelo Ministério da Fazenda. O pagamento com o valor reajustado acontece no início de fevereiro, referente ao mês de janeiro.
Como funciona o salário mínimo
O salário mínimo é a menor remuneração permitida para trabalhadores formais no país e deve garantir condições básicas de vida, como alimentação, moradia, saúde e educação. Ele também serve como referência para aposentadorias, seguro-desemprego e benefícios assistenciais, como o BPC.
Segundo o Dieese, 59,9 milhões de brasileiros têm rendimentos vinculados ao salário mínimo, seja direta ou indiretamente. A Constituição determina que o piso deve ser reajustado ao menos pela inflação, para preservar o poder de compra. Nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, os reajustes seguiram apenas essa regra. Desde 2023, o governo Lula retomou a política de ganho real, que permite aumentos acima da inflação.
Como o governo chegou ao valor de R$ 1.621
A nova legislação prevê um cálculo que combina:
- INPC acumulado até novembro: 4,18%
- Crescimento do PIB de dois anos antes, limitado a 2,5% pelo arcabouço fiscal
Pela regra, o salário mínimo de 2026 soma:
- Reajuste da inflação (4,18%)
- Mais ganho real limitado a 2,5%
Assim, o mínimo sobe para R$ 1.621, e não R$ 1.636, que seria o valor se o crescimento real do PIB não fosse limitado pelo arcabouço.
Se o governo corrigisse o piso somente pela inflação, o valor seria próximo de R$ 1.582.
Impacto nas contas públicas
A elevação do salário mínimo aumenta também os gastos federais, já que diversos benefícios não podem ser inferiores ao piso nacional.
De acordo com a equipe econômica:
- Cada R$ 1 de reajuste gera R$ 420 milhões em despesas anuais
- O aumento de R$ 103 representa cerca de R$ 43,2 bilhões a mais no Orçamento de 2026
Com isso, cresce o peso dos gastos obrigatórios, reduzindo o espaço para investimentos e despesas discricionárias.
O que muda para o trabalhador
A partir de janeiro de 2026, o novo valor impacta:
- salário de quem recebe o piso ou múltiplos do piso
- aposentadorias do INSS de valor mínimo
- seguro-desemprego
- BPC
- abono salarial
Todos os pagamentos com o valor revisado serão efetuados no início de fevereiro.









