A recente valorização do dólar, que encerrou o pregão de terça-feira (29) a R$ 5,762, a maior cotação em mais de três anos, é atribuída a uma combinação de fatores internos e externos. Vamos detalhar os principais motivos e as expectativas do mercado.
Motivos da valorização do dólar
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que não há uma previsão definida para o anúncio de um pacote de cortes de gastos, o que gerou desconfiança entre os investidores. Essa falta de clareza sobre as medidas fiscais necessárias para equilibrar o orçamento aumentou a tensão no mercado.
Haddad afirmou que as conversas sobre o pacote estão avançando, mas a falta de um cronograma concreto para a divulgação das medidas gerou frustração e estresse entre os agentes econômicos.
As eleições nos Estados Unidos também têm impacto nas flutuações do dólar. A possibilidade de Donald Trump ser um candidato forte nas eleições e suas políticas econômicas, que podem levar a uma inflação maior nos EUA, influenciam a percepção do mercado em relação ao dólar e à moeda brasileira.
As expectativas sobre os juros futuros nos EUA, com o Federal Reserve mantendo uma política monetária restritiva, contribuem para a valorização do dólar em mercados emergentes.
O Brasil apresentou um déficit em transações correntes de US$ 45,8 bilhões, o equivalente a 2,07% do PIB, o que indica um aumento das dificuldades na balança comercial e preocupa os investidores.
Expectativas do mercado
Economistas acreditam que a incerteza em relação à política fiscal do governo pode continuar pressionando o dólar para cima. A expectativa é de que, caso o governo não apresente um plano claro e estruturado de cortes, a moeda possa se valorizar ainda mais, alcançando níveis superiores a R$ 5,76.
Aumento das taxas de juros futuros é uma resposta à falta de clareza nas políticas fiscais, com a taxa do DI para janeiro de 2026 alcançando 12,74%. Isso indica que os investidores estão precificando um cenário de juros mais altos para combater a inflação.
O Banco Central pode intervir para conter a pressão sobre o dólar, mas a eficácia dessas medidas dependerá da comunicação e da implementação de um pacote fiscal sólido por parte do governo.
O dólar em alta, alcançando R$ 5,762, reflete não apenas a preocupação com a situação fiscal do Brasil, mas também as influências do cenário político internacional e o resultado das contas externas. As expectativas do mercado sugerem que, sem um plano fiscal concreto, a moeda pode continuar a subir, desafiando o governo a agir rapidamente para restaurar a confiança dos investidores. A interação entre a política econômica interna e os fatores globais será crucial para determinar a trajetória futura do câmbio.