Inadimplência em MS cresce 8,6%, com 90 mil novos nomes na lista de crédito negativo
Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 8,6% no número de inadimplentes, com 90.200 pessoas a mais na lista de devedores. De acordo com os dados do Serasa, o total de inadimplentes no Estado passou de 1,039 milhão em dezembro de 2023 para 1,129 milhão em dezembro de 2024.
Esse crescimento reflete uma realidade alarmante: metade da população economicamente ativa de MS, que é de 2,147 milhões, encontra-se inadimplente. Além disso, o aumento em relação a 2022 é ainda mais expressivo, com um salto de 14% no número de pessoas com o nome sujo, que era de 991 mil naquele ano.
O impacto da pandemia e o endividamento
Especialistas explicam que a pandemia de Covid-19 agravou o cenário de endividamento da população. Muitas dívidas se arrastam há anos, com as pessoas acumulando novas pendências para quitar as anteriores. O período pós-pandemia também causou um aumento significativo na demanda por crédito, o que levou muitos a se endividarem ainda mais.
Outro fator relevante é a facilidade de acesso ao crédito no Brasil. Embora o crédito fácil não seja um problema em si, a falta de educação financeira tem levado muitas pessoas a utilizar recursos de alto risco, como cartões de crédito e cheque especial, sem perceber que eles não são uma extensão da renda.
O perfil dos inadimplentes em Mato Grosso do Sul
Os dados da Serasa também revelam informações sobre o perfil dos inadimplentes. A maioria, 52,3%, é do sexo masculino, enquanto 47,7% são mulheres. Em termos de faixa etária, as pessoas entre 41 e 60 anos representam 35% dos inadimplentes, seguidas por aquelas com idades entre 26 e 40 anos, que somam 34,7%. As pessoas acima de 60 anos correspondem a 18,4%, enquanto os mais jovens, até 25 anos, são os menos inadimplentes, com 11,8%.
Além disso, a média da dívida de cada inadimplente em MS é de R$ 6.030, totalizando R$ 6,813 bilhões em pendências. Essas dívidas são geradas por 4,688 milhões de contas não pagas no Estado.
A relação entre baixa renda e inadimplência
A baixa renda é outro fator importante para o aumento da inadimplência. Muitas pessoas que ganham um salário mínimo não conseguem cobrir as necessidades básicas e, por isso, acabam se endividando. A inflação, especialmente no setor alimentício, também tem um impacto significativo. Em Campo Grande, a inflação de alimentos foi a maior do país em 2024, alcançando 11,3%, superando a média nacional de 8,23%. Diante dessa realidade, os brasileiros com rendas limitadas precisam escolher entre quais contas pagar e quais itens consumir.
Como evitar e superar a inadimplência
A inadimplência pode ter sérias consequências, tanto para a pessoa quanto para a economia. Por isso, especialistas alertam sobre a importância de se manter longe da lista de devedores ou de se livrar dela o mais rápido possível. O primeiro passo para evitar a inadimplência é o planejamento financeiro. É essencial entender a própria situação financeira, sabendo quanto se ganha e quanto se gasta, para organizar um orçamento eficiente.
Para quem já está inadimplente, a única saída é cortar gastos. Substitua produtos caros por versões mais baratas ou elimine totalmente os gastos desnecessários. Além disso, tomar empréstimos deve ser uma decisão estratégica: só vale a pena se a taxa de juros for menor do que a que se paga atualmente. Mesmo assim, deve-se analisar o impacto no fluxo de caixa, garantindo que o valor da parcela caiba no orçamento.