Entrevista de Moraes ao Washington Post provoca resposta dura dos EUA
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post que não pretende rever suas decisões relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de ser um dos articuladores dos atos de 8 de janeiro de 2023. “Não vou recuar nenhum milímetro de tudo o que decidi até agora”, declarou.
A fala repercutiu internacionalmente e foi seguida por uma manifestação da embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Em publicação no X (antigo Twitter) e no Instagram, o governo americano afirmou que Moraes “é tóxico para empresas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos” e alertou que nenhum tribunal estrangeiro pode anular sanções impostas pelo país. A nota ainda recomendou cautela a cidadãos de outros países que mantenham relações com o ministro.
O episódio ocorre em meio a tensões diplomáticas entre Brasil e EUA, intensificadas pela aplicação da chamada Lei Magnitsky a Moraes. Em resposta, o ministro Flávio Dino destacou que nenhuma legislação internacional tem efeito automático no Brasil sem aval do STF.
No campo político, o ex-presidente Michel Temer saiu em defesa de Moraes, afirmando que o ministro “não fez mais do que cumprir a Constituição” no julgamento dos envolvidos nos ataques de janeiro de 2023. Temer lembrou ainda que foi durante seu governo que Moraes foi indicado ao Supremo.
Enquanto isso, o STF se prepara para encerrar até 2 de setembro a análise das ações contra os acusados de participação no episódio, que resultou na depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do próprio Supremo.
