Com pedido de urgência e nova greve à vista, Justiça é acionada para decidir intervenção no transporte de Campo Grande
A situação do transporte coletivo de Campo Grande voltou ao centro das tensões nesta semana. Um comerciante que move uma ação popular na Justiça pediu que seja analisado, em até 72 horas, o pedido de intervenção no Consórcio Guaicurus, responsável pela operação dos ônibus na Capital. O argumento principal é de que o contrato permite a medida em caso de descumprimento de obrigações e, segundo ele, há indícios suficientes para isso.
O pedido de urgência ocorre no momento em que motoristas e cobradores aprovaram uma paralisação a partir de segunda-feira (15), após nova rodada de atrasos salariais. A categoria afirma que o pagamento de novembro ainda não foi realizado e condiciona a suspensão da greve ao depósito simultâneo do salário, do 13º e do adiantamento previsto para o dia 20.
Durante a assembleia realizada na madrugada de quinta-feira (11), a aprovação foi unânime. Trabalhadores relatam desgaste e desconfiança sobre as negociações, que consideram lentas e sem garantias. Em áudios que circulam em grupos da categoria, motoristas demonstram receio de que os atrasos se prolonguem por mais dias.
Ação pede afastamento da concessionária
A ação popular foi protocolada há duas semanas e sustenta que a administração do Consórcio estaria acumulando irregularidades, incluindo más condições da frota, falhas na manutenção e problemas financeiros. O advogado que representa o comerciante afirma que a empresa busca na Justiça novos repasses enquanto já recebe recursos públicos regularmente.
O pedido é para que a intervenção tenha duração de 180 dias. Nesse período, os atuais gestores ficariam afastados e não poderiam solicitar reajustes ou benefícios tarifários. A ação também pede que a concessionária seja obrigada a cumprir todas as cláusulas contratuais e que o contrato seja anulado após a conclusão das investigações, abrindo caminho para uma nova licitação.
CPI apontou problemas estruturais
O debate sobre o futuro do sistema ganhou força após a CPI do Transporte, concluída em setembro deste ano. O relatório final apontou que quase 200 ônibus operam acima da idade máxima permitida e recomendou a intervenção na concessão. A comissão também relatou falta de manutenção, veículos em mau estado e falhas em itens essenciais, como elevadores, iluminação e instrumentos do painel.
Além das recomendações, o documento sugeriu o envio de pedidos de investigação a diferentes órgãos de controle. A análise inclui ex-diretores de órgãos municipais e dirigentes do próprio Consórcio.
A conclusão da CPI, porém, não foi unânime. Um dos vereadores integrantes divergiu de trechos do relatório e lançou uma petição pública defendendo a intervenção imediata. O abaixo-assinado busca reunir 50 mil assinaturas para ser encaminhado à Prefeitura.
Impasse chega ao limite
Com o risco de paralisação total dos ônibus e o crescente desgaste entre trabalhadores e concessionária, a expectativa agora recai sobre a manifestação da Justiça. Se o prazo solicitado for atendido, uma decisão pode ser conhecida ainda antes da segunda-feira.
Enquanto isso, a população segue acompanhando apreensiva um cenário que se repete com frequência: atraso de salários, ameaças de greve e um serviço cada vez mais questionado por usuários e autoridades.









