Clima, dólar e preço da carne aumentam inflação: fatores que explicam a inflação acima da meta em 2024
Em 2024, a inflação oficial superou o limite máximo da meta do governo, que era de 4,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 4,83%. Esse aumento significativo foi impulsionado principalmente por três fatores. A alta nos preços dos alimentos, especialmente das carnes, o impacto do clima e a desvalorização do real frente ao dólar.
Aumento nos preços dos alimentos
Primeiramente, o grupo de alimentos e bebidas foi o principal responsável pela pressão inflacionária em 2024, com uma alta de 7,69%. Isso representou um impacto de 1,63 pontos percentuais (p.p.) no IPCA. Em comparação com 2023, quando a alta foi de apenas 1,03%, o cenário de 2024 foi bem mais crítico. Além disso, dentro desse grupo, a carne teve um papel central.
O preço dos cortes subiu 20,84% ao longo do ano, o maior aumento desde 2019. Embora os preços tenham caído no início do ano, o repique entre setembro e dezembro (+23,88%) foi suficiente para encerrar o ano com uma alta significativa.
Efeito climático e a oferta de carne
Além disso, os fatores climáticos contribuíram diretamente para esse aumento. A estiagem, as ondas de calor e a seca em várias regiões do Brasil agravaram a situação, restringindo as pastagens e afetando o ciclo da pecuária. Como resultado, houve uma redução na oferta de carne no mercado, o que pressionou os preços para cima.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explicou que essa escassez de pastagens e o menor volume de animais para abate reduziram a oferta de carne e, consequentemente, aumentaram os preços. Entre as carnes mais afetadas, destaque para o contrafilé, a carne de porco, a alcatra e a costela, cujos preços subiram, em média, 20% a 21%.
Embora esses aumentos fiquem atrás do café moído (39,60%) e do óleo de soja (29,21%), eles impactaram significativamente o bolso do consumidor brasileiro, devido ao peso da carne na cesta de produtos.
A Influência do câmbio
Outro fator importante foi a desvalorização do real frente ao dólar, que subiu 27% ao longo de 2024, fechando o ano a R$ 6,18. O câmbio afeta diretamente os preços de produtos que dependem de importações, além de influenciar as commodities, como os alimentos. Quando o dólar sobe, produtores tendem a destinar parte de sua produção para o exterior. Onde os preços são mais vantajosos, restringindo a oferta interna e, consequentemente, elevando os preços.
Além disso, a alta do dólar impacta também o custo de produtos com componentes importados, aumentando ainda mais a pressão sobre a inflação.
Combinação de fatores: o impacto na economia
Em 2024, o Brasil registrou 11 meses de inflação positiva, com exceção de agosto, que teve uma leve deflação (-0,02%), influenciada pela queda na conta de luz e pelos preços mais baixos dos alimentos. O mês de fevereiro, por sua vez, apresentou a maior alta mensal, de 0,83%, impulsionada pelo aumento das mensalidades escolares.
Clima, dólar e preço da carne aumentam inflação
O cenário inflacionário de 2024 foi marcado por uma combinação de fatores internos e externos. A alta no preço das carnes, os efeitos adversos do clima sobre a produção agrícola e a desvalorização do real frente ao dólar foram os principais responsáveis pela inflação acima da meta. Esses fatores, muitas vezes interligados, mostram como elementos externos podem influenciar diretamente o custo de vida no Brasil.