Crise na vacinação infantil no Brasil expõe ameaça de retorno de doenças erradicadas

Um levantamento inédito do Instituto Questão de Ciência (IQC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o UNICEF, revela um cenário preocupante: crise na vacinação infantil no Brasil. O Anuário VacinaBR 2025 mostra que, desde 2015, as taxas de imunização vêm caindo de forma constante — e essa tendência foi acelerada pela pandemia de Covid-19.

Em 2023, nenhuma vacina do calendário infantil atingiu a meta de 95% de cobertura vacinal em todos os estados, o que coloca o país em risco iminente do retorno de doenças que já estavam sob controle, como sarampo, poliomielite e coqueluche.

Principais retrocessos apontados no estudo:

  • Cobertura geral em queda: Atingir as metas de vacinação se tornou exceção. Desde 2015, as taxas vêm diminuindo ano a ano.
  • Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola): Enquanto em 2014 todos os estados atingiam a meta para a primeira dose, em 2023 apenas quatro conseguiram.
  • Meningococo C: Nenhum estado brasileiro bateu a meta entre 2021 e 2023.
  • HPV: A adesão entre meninos está abaixo de 50% para a segunda dose.
  • Varicela: Apenas 3% dos municípios atingiram a meta em 2023.
  • BCG: A aplicação da vacina contra tuberculose apresentou queda expressiva a partir de 2019.

Abandono vacinal e desigualdades regionais

O estudo também chama atenção para o abandono vacinal — quando crianças não completam o esquema com todas as doses. Em estados como Acre, Pará e Amapá, mais de 50% dos vacinados com a primeira dose da tríplice viral não retornaram para a segunda.

Além disso, desigualdades regionais agravam o cenário de crise na vacinação infantil no Brasil: estados do Norte lideram as piores coberturas, mas até regiões tradicionalmente com melhor estrutura, como Rio de Janeiro, apresentaram quedas críticas.

O que explica a crise?

  • Desinformação: O crescimento de movimentos antivacina e a propagação de fake news aumentaram a hesitação vacinal entre pais e responsáveis.
  • Dificuldades logísticas: Falta de campanhas informativas, acesso precário aos postos de saúde e falhas no sistema de registro.
  • Baixo compromisso institucional: Em 2023, apenas 32% dos municípios brasileiros atingiram as metas para quatro vacinas essenciais.

Riscos e recomendações

O principal alerta do relatório é claro: doenças antes controladas podem retornar. Bolsões de baixa cobertura criam brechas perigosas para o ressurgimento de surtos.

Como resposta, o Anuário VacinaBR propõe ampliar a transparência nos dados vacinais e usá-los como base para a formulação de políticas públicas mais eficazes.

Fonte: Anuário VacinaBR 2025 – IQC, SBIm e UNICEF
Instituições responsáveis: Instituto Questão de Ciência, Sociedade Brasileira de Imunizações e UNICEF

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